JORNAL DA TARDE – 04/03/2009
Por PAULO CÉZAR CAJU
Um toque para o Fenômeno
“Não dê chance para o azar, meu caro Ronaldo”
Comi o pão que o diabo amassou durante 17 anos.
Depois que parei de jogar, foi uma tortura em minha vida.
Vi a morte de perto várias vezes por causa de loucuras sem controle, estourei dois belos imóveis que tinha na Lagoa Rodrigo de Freitas, perdi amigos, perdi qualidade de vida, perdi trabalho na França (que é minha segunda casa) e em Genebra, na Suiça. E quase perdi meu anjo, Ana.
Mas sou um ser iluminado, algo raro nesse mundo de drogados e viciados. A virada começou quando fui convidado pela Global Sports, que tinha o Rei Pelé como um dos sócios, para trabalhar em São Paulo.
Encarei o desafio e vim com a cara e a coragem para uma cidade que detestava, e cujos moradores me detestavam. Então dei uma entrevista para o programa “Bola da Vez”, da ESPN Brasil, e pela primeira vez abri meu coração sobre meus vícios.
Poucas pessoas achavam que eu poderia me recuperar, mas já era. Eu venci e vou continuar vencendo ! Recuperei qualidade de vida,os amigos e o meu anjo Ana, que é a minha mulher.
O que eu quero te passar, meu caro Ronaldo, pela admiração que tenho por você e pela estima que tenho por seu pai, Nélio, é que você não dê chance para o azar, porque a vida é linda.
O valor dos amigos
Teu carisma continua intacto, a espera pela tua performance é imensa, e os corinthianos estão tendo uma enorme paciência com você. Não se esqueça de que está num time que tem 30 milhões de torcedores, e não jogue fora a chance de trabalhar em São Paulo nos anos que restam em sua carreira. Não cometa mais erros graves. Se precisar de um amigo, de alguém para conversar sobre superação, pode me procurar. Terei sempre o maior prazer em falar contigo e te dar uns toques. Sei que você é parceiro do Vampeta, que é um grande amigo meu. Pode falar com ele para a gente marcar um encontro. Tenho dois grandes amigos que sempre me ajudaram, e que foram muito importantes para que eu desse a volta por cima. Um é o meu psiquiatra, doutor João Alberto Barreto. Até hoje, quando me bate uma fossa ou uma depressãozinha, recorro aos seus conselhos. E o outro é Claudio Adalberto Adão, o grande Claudio Adão, um dos poucos jogadores que compraram minha briga quando eu estava no inferno.
Acredite em mim, Fenômeno: é raro encontrar amigos assim. Por isso me coloco à disposição para o que você precisar. Torço muito para que você volte a ter o sucesso que merece. E que ainda faça muitos gols para alegrar os seus fãs.
4 de março de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário